sábado, 1 de janeiro de 2011

Os fins justificam os meios. O dilema de Anastasia

Desde que o diplomata e historiador Nicolau Maquiavel disse que os fins justificam os meios, esta frase é talvez uma das mais controversas e alvo de questionamentos em salas de aulas e nas rodas de conversas de políticos e cidadãos que gostam do tema. Sem querer entrar nesta discussão por ora, seja lá qual tenha sido a verdadeira intenção de Maquiavel, os fins tem sido a razão por que tantos homens com uma biografia imaculada, impoluta e irretocável acabam cedendo às pressões de seus próximos e agido como se não pudessem olhar depois no retrovisor da sua historia e sustentar seus valores e conceitos. Em que pese o fato de que na vida publica é preciso pensar na coletividade e para tanto certos pontos de vista pessoal e certos valores pessoais não devem sobrepor o interesse da maioria, e esta é talvez o cerne da questão que para alguns historiadores e cientistas políticos Maquiavel foi mal interpretado quando disse que para a sustentabilidade do governo e da estabilidade do Estado os fins devem justificar os meios. Esta dicotomia entre a ética pessoal e a ética coletiva pode ser a razão por que a cada dia nossa classe política está mais empobrecida de quadros que a dignifique e é perceptível a descrença e o desestimulo de homens e mulheres de bem quando assediados para filiar-se em um partido político ou para concorrer a um cargo publico. Ao anunciar a equipe de secretários que o auxiliará nos próximos quatro anos na condução do governo de Minas o governador Anastásia certamente viveu este dilema e certamente não seguiu o script que durante a sua laboriosa campanha escreveu e que envolveu os principais atores da política mineira através dos partidos políticos, mas, sobretudo os movimentos sociais, as entidades de classe, lideranças regionais e a própria historia de vida do professor cuja biografia é irretocável e cuja sensibilidade para com as necessidades dos cidadãos mineiros o credenciou para escrever uma nova pagina na historia de Minas, sem a contaminação do debate nacional que tanto tem afetado nosso estado nos últimos anos. Ao ensaiar uma aproximação com os setores populares, com as lideranças religiosas, políticas e regionais o governador demonstrou que sem prejuízo de uma agenda nacional ou de um projeto de poder, propunha a formação de um governo participativo com enfoque na luta contra a pobreza, a violência e o combate as drogas que apavora nossos jovens, feridas ainda muito abertas no nosso estado. Critico da política de verticalização que tem sido adotada pelos partidos nacionais inclusive o seu, nosso governador agregou em minas alianças com lideranças regionais algumas de partidos considerados de oposição ao seu governo e que também sofrem com a ingerência e atropelamento das executivas nacionais, estava, portanto formada uma coalizão Pró-Minas que daria uma nova cara a administração tornando-a uma trincheira em defesa de nosso estado nos vários níveis de poder, municipal, estadual e federal. Ao desprezar estas forças populares e regionais e ao estabelecer uma composição de governo fabricada em Brasília, longe dos verdadeiros anseios de Minas e ignorando vários atores do processo de retomada do dialogo e da unidade de Minas, Anastásia contraria Maquiavel mostrando que os meios é que justificam os fins. George Hilton é deputado federal e presidente estadual do Partido Republicano Brasileiro

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