Fios de baixa e média tensão desprotegidos, cabos remendados, postes de concreto com ferragens expostas e muitas ligações clandestinas – os chamados gatos – foram algumas das situações flagradas por deputados mineiros, nesta segunda-feira (13), em visita a locais que sofreram cortes de energia após as chuvas da última quinta-feira (9), em Belo Horizonte. Também nesta segunda-feira, o presidente da Cemig, Djalma Morais, admitiu que a companhia não está preparada para atender aos consumidores em fortes temporais, como o da semana passada. Djalma Morais disse que a empresa está com plano para ampliar as equipes da central de atendimento telefônico 116 e de manutenção.
Os deputados estaduais das comissões de Minas e Energia e de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa foram acompanhados de representantes do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG). Os trabalhadores apontaram os problemas da rede elétrica da capital.
Em três bairros, a falta de manutenção foi apontada como responsável pela vulnerabilidade da rede e as constantes quedas de energia.
Na esquina da Rua Coronel Severiano com Olinto Magalhães, no Barreiro de Baixo, alguns moradores permaneciam sem luz nesta manhã. O motivo foi a queda de uma árvore, que fez com que os cabos de baixa tensão entrassem em contato, provocando um curto-circuito.
“É uma rede antiga, sem a devida manutenção. Se estes cabos fossem isolados ou protegidos, como deveria ser, isso não teria acontecido. Os galhos fizeram os cabos nus encostarem e se romperem”, disse Jairo Nogueira, diretor do Sindieletro.
Poucos metros adiante, novos problemas. Dessa vez, um poste de concreto, com a ferragem exposta, foi o alvo das críticas. “Os ferros estão enferrujados e isso compromete a estrutura. É recomendada a troca do poste a cada 15 anos, em média. Mas aqui constatamos, através de inscrições, que este é de 1971”, afirmou Jairo.
No mesmo local foi constatado também que um dos três cabos não possuía a chave de segurança. O equipamento serve para interromper energia no caso de rompimento dos cabos e evitar acidentes. No lugar dele estava um dispositivo chamado By Pass que, conforme Jairo, só deve ser usado emergencialmente. “Pelo estado de conservação do cabo, posso assegurar que ele está aqui há muito tempo. Se um fio desse se rompe, vai ficar chicoteando na rua. Um perigo muito grande”, alertou.
Ainda na região do Barreiro, a comitiva visitou a Vila Bernadete, no Bairro Bom Sucesso. Na Rua Treze, o perigo vem das inúmeras ligações de energia clandestinas, conhecidas como gato. Uma moradora, que pediu para que não fosse identificada, alegou que é a única opção dos moradores. Na rua, não há rede de baixa tensão, usada para alimentar as residências. “A Cemig disse que não tem como nos fornecer energia”, lamentou a mulher.
As visitas terminaram no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste, um dos mais afetados no último temporal. No sábado, depois de passarem 48 horas sem o serviço, moradores queimaram pneus, em protesto contra a demora no restabelecimento da energia. Lá, os moradores reclamaram que basta uma simples chuva para ficarem sem luz.