UE e Mercosul retomaram em maio as conversações que estavam paradas há anos.O objetivo é criar a maior zona de livre comércio do mundo, abrangendo 750 milhões de pessoas e bens estimados em 65 bilhões de euros (US$ 82 bilhões) por ano. Os setores automotivos, agrícolas e de serviços serão os mais beneficiados com o Acordo que define um quadro normativo com regras de origem, salvaguardas, barreiras técnicas, fitossanitarias e outros. Um dos principais obstáculos para que a UE e o Mercosul (formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) comecem a propor ofertas para a entrada de seus produtos nos mercados são, as preocupações dos produtores europeus sobre o possível impacto negativo do tratado para a agricultura do bloco.
Países como França e Irlanda manifestaram suas objeções, principalmente no setor da carne bovina, que poderia sofrer grandes perdas ao concorrer com as importações dos países do Mercosul - grupo onde há líderes mundiais na produção de carne -, no marco de um tratado de livre-comércio. Com o objetivo de tranquilizar os produtores agrícolas, a Comissão Europeia (órgão executivo da UE) ultima estudos econômicos sobre o impacto que esse acordo poderia ter na indústria agropecuária europeia.
Essas avaliações de impacto serão concluídas em breve e enviadas para sua análise aos Estados-membros e ao Parlamento Europeu, instituição que não pode modificar os detalhes da negociação do texto, mas sim respaldá-lo ou repeli-lo uma vez que esteja fechado. Já o Comitê de Organizações Agrárias e Cooperativas Europeias (Copa-Cogeca) declarou que um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul provocaria o "colapso" total do setor bovino europeu.
O Copa-Cogeca divulgou um estudo, feito em vários países europeus, que indica que a liberalização das importações do bloco latino-americano causaria "perdas de 25 bilhões de euros" para os produtores de carne bovina da UE.
O estudo examinou as importações e os preços de entrada da carne do Brasil em mercados de três países: Reino Unido, Alemanha e Itália. O comitê acrescentou que um acordo comercial aumentaria também "a volatilidade dos preços e provocaria um grande aumento das importações europeias de carne de porco, de aves e de milho" procedente do Mercosul.
Além disso, o Copa-Cogeca assinalou que o bloco latino-americano produz os mesmos bens agrícolas que os países europeus e que, na atualidade, 90% das importações de carne da UE procedem do Mercosul. "Uma liberalização ainda maior do comércio com o Mercosul aumentará nossa dependência das importações. Além disso, as condições meteorológicas e as decisões políticas desses países" colocarão em jogo a segurança do abastecimento alimentício da UE.
George Hilton direto de Bruxellas